Trote Solidário para conter a violência - por Capitão Crivelari (PP)


Os alunos veteranos de cursos superiores recebiam os novatos com brincadeiras para torná-los receptivos, dar as boas vindas e, sobretudo, comemorar a alegria de ingresso na faculdade. Essa atitude que, num passado recente, era uma mera brincadeira, passou nos últimos tempos a ser modalidade violenta e perigosa, que em alguns locais levaram à morte e a sequelas irreparáveis.
O que deveria ser perpetuado como tradição, de um momento para outro, passou a ser pura falta de respeito para com aqueles que a duras penas conseguiram ingresso no nível universitário.
As medidas existem e não raras vezes são feitas denúncias sérias de maus tratos, lesões corporais, humilhações, que redundam em ameaças posteriores efetivadas pelos alunos mais antigos dos cursos. Estes não dão trégua ao novato, desestimulando, assim, registro policial e a intervenção da lei, sob pena do aluno ser considerado “persona non grata” no meio estudantil.
Tivemos um caso famoso em nossa região perpetrado por uma aluna do curso de Direito que se revoltou com o tratamento recebido nos primeiros dias da vida universitária. Passaram tintas em seu corpo, mesmo ante os protestos de que era portadora de grave alergia. Esse fato tomou as primeiras páginas dos jornais, no entanto, somente pessoas próximas à aluna ficaram sabendo da dificuldade que a mesma teve em concluir o curso. Isso porque foi excluída do grupo social pelo legítimo gesto de denúncia policial, que redundou em pena pecuniária aos aplicadores do trote.
No cenário atual, o aluno veterano se vê no direito de dar o trote, o novato não tem meios de protestar, os estabelecimentos de ensino não possuem normas eficazes de controle até porque, na maioria das vezes, os atos ocorrem fora do âmbito escolar. A polícia, neste caso, só age se acionada. E, infelizmente, raramente o ofendido aciona.
O que fazer então? A prática de qualquer tipo de manifestação estudantil que seja através da agressão física, moral ou outras formas de constrangimento, dentro do âmbito da universidade, será considerada falta grave importando a aplicação das penalidades de suspensão ou expulsão previstas no regime disciplinar da instituição, após processo administrativo, assegurados o contraditório e ampla defesa. Levando em consideração este alerta e, também, que o trote não tem nada de tradição, sendo apenas pura falta de respeito, podemos concluir que temos sim que criar mecanismos para coibir estes atos de vandalismo que podem levar até a morte.
Foi com esse propósito que protocolei e levarei à discussão na Câmara Municipal de Americana o projeto de decreto legislativo que premia aqueles cursos que promoverem ações de cunho solidário e organizarem atividades que levem os alunos veteranos e novatos a criarem apoios a instituições, levando ajuda aos mais necessitados. Nosso principal objetivo é coibir essa barbárie que é o trote envolvendo os estudantes em ações sociais, culturais e ambientais. Fica ainda a sugestão para as coordenações dos cursos superiores e também os Centros Acadêmicos realizarem campanhas de conscientização aos seus alunos sobre a importância de se acabar de uma vez por todas com essa “falsa expressão de alegria e de tradição" que envolve a imagem do trote.
Fazer uma universidade de boa qualidade é sim motivo de muita alegria para todos. O que não podemos é ignorar onde se começa uma brincadeira ou uma agressão. Ninguém recebe em sua casa uma pessoa e a trata de maneira estúpida ou constrangedora, principalmente alguém que acabou de chegar! Boa educação e bom senso devem prevalecer. Tudo que se refere ao trote não tem a menor graça e pode gerar conseqüências desastrosas. Existem inúmeras maneiras agradáveis de se recepcionar um novo aluno em uma universidade, muitas delas podem até mesmo melhorar a cidade em que vivemos. Diga não ao trote e lembre-se: SE VOCÊ FAZ CURSO SUPERIOR, TENHA TAMBÉM UMA ATITUDE SUPERIOR.

Capitão Crivelari
Vereador do PP em Americana e Oficial da Reserva da Polícia Militar




Publicado por: Capitão Crivelari (PP)