28ª romaria Americana-Pirapora - por Capitão Crivelari


Vencer as agruras do Morro Tira Saia, caminhar beirando o fétido e morto Rio Tiete, dobrar as curvas da Ponte Nova e avistar o Santuário de Bom Jesus de Pirapora. Este será - mais uma vez - o objetivo ao término de nossa caminhada neste ano. A romaria Americana-Pirapora foi iniciada, de maneira empírica, pela nossa respeitável decana Dona Luiza Padovani e suas corajosas irmãs em trilha inicial que começava em Piracicaba e, agora, tem saída oficial de nossa cidade.
Pirapora do Bom Jesus foi fundada em 25 de maio de 1730 e possui cerca de 15 mil habitantes. É uma cidade turística, famosa pelas romarias que recebe, tanto de ciclistas, pedestres, charreteiros, cavaleiros, quanto de veículos motorizados, que chegam para reverenciar a imagem de Bom Jesus.
Na cidade, o visitante encontra o primeiro Santuário Cristocêntrico do Brasil, cuja origem teve início em 1725, quando foi descoberta, em uma corredeira, a imagem do Bom Jesus. A capela inicialmente construída no local deu lugar a uma outra feita de madeira. Em 1845 iniciou-se a construção da atual Igreja (concluída em 1887), que abriga a famosa escultura de Cristo, com cabelos naturais. A escultura está localizada no Altar Mor, protegida por uma redoma de vidro a prova de balas, sendo acessada pela lateral da Igreja.
Como fazemos anualmente, neste 6 de abril, uma segunda-feira, fazendo sol ou chuva torrencial - como foi na última edição - sairemos do Bar do Toninho, em frente do Campus da UNISAL, para início de nossa caminhada de fé e perseverança.
No primeiro dia, trilharemos pelos canaviais que começam no final da Avenida Cillos e vamos dormir em Monte Mor, na chácara do ex- prefeito daquela cidade, o Sr. João Rinaldi. Ele sempre nos acolhe de maneira festiva e costuma, inclusive, nos receber cerca de dez quilômetros antes para acompanhar um trecho da caminhada.
O segundo dia é marcado pela passagem por vilarejos bucólicos, entre eles, o de Cardeal, e também pela passagem pela imponente e progressista Indaiatuba, nosso maior contato com o meio urbano. Ao deixarmos a cidade, passamos pelo bairro dos Pimentas e vamos até o Bar da Loira, um armazém de beira de estrada onde fazemos pouso e nos preparamos para o dia mais árduo.
Neste terceiro dia, passaremos por trilhas entre as montanhas do contraforte, da imponente Serra do Japi, e pela cidade de Cabreúva, onde almoçaremos e faremos um rápido descanso até a chegada ao vilarejo de Bananal.
O último e penoso dia consiste em sair ainda de madrugada, caminhar vendo o sol raiar e sentir o odor putrefato do rio Tietê. Depois disso, finalmente, completamos a caminha de fé e reflexão, que repetimos religiosamente todos os anos.
A romaria nasceu na era cristã da centralização do comando papal. Passou a ser chamado de romeiro quem fosse à Roma para visitar o Papa e professar a fé cristã.
Para fazer uma grande caminhada, é preciso dar o primeiro passo. Para aqueles que ainda têm dúvidas se vale a pena participar dessa romaria, compartilho a mensagem que recebemos, no ano passado, do bispo Dom Vilson Dias Oliveira: “Que o Senhor dirija os passos de vocês com sua bondade e que seja um companheiro inseparável durante o caminho que percorrerão”.

Capitão Crivelari
Vereador do PP em Americana e Oficial da Reserva da Polícia Militar