SESMARIA - OS PROPRIETÁRIOS
1790 –É concedida a “Sesmaria” de parte das terras da Villa de São Carlos, da Fazenda Velha, do Barão de Itapura, a João Manuel do Amaral, Domingos da Costa Machado e José Antônio Amaral.
Os beneficiários não a cultivaram e não a povoaram até 1799, quando o condômino João Manuel do Amaral, vendeu “um quarto de légua de testada, principiando do Salto Grande do dito Rio Atibaia, correndo por ele acima, com mais uma posse de terras na barra dos ditos rios até sobre o dito salto (...) da qual davam quitação, ao guarda-mor Manuel Teixeira Vilela, em 1798, que teve escritura lavrada apenas em 02/11/1809, e a quem é atribuída a construção do solar”.
O SOBRADO – A CONSTRUÇÃO
“O sobrado tem resquícios de velhos castelos que abrigavam uma população, suseranos e vassalos, acolhendo a família do senhor no alto e a escravatura e maquinário no piso térreo, com agasalho integral para todos os habitantes. É um quadrilátero perfeito, com telhado em quatro águas; no andar térreo, dispões de amplo salão de entrada com escada nobre conduzindo para o andar superior.
“No alto do sobrado termina a escada em grande vestíbulo, com duas janelas para a frente e portas laterais. ‘A esquerda, para o salão de visitas, três janelas correspondentes a três portas, dão entrada a três alcovas, geralmente cômodos para hóspedes, isolando-os da intimidade da família. E à direita do vestíbulo, uma porta para o quarto do casal, duas janelas de frente e portas correspondentes, com bandeiras de rótulas, para o dormitório seguinte. E a terceira porta do vestíbulo, dando entrada para o vasto salão de jantar que abre duas janelas num dos seus extremos e duas portas para dois dormitórios. A seguir, transversal ao sobrado, em toda a largura, um vasto salão com apenas sua terça parte de assoalho no andar superior, deixando os outros dois terços com o pé direito sem interrupção, do solo ao telhado. Ligando os dois pisos do terço do salão, há uma escada cuidadosamente vedada por grade e terminada com porta de tábua, o que impedia o escravo de subir do seu piso térreo de moradia para a casa do senhor.
“O assoalho superior, de um extremo até o terço do salão, neste final, cessa com um parapeito e visão fiscalizadora para a parte inferior. Além do salão, no piso superior seguem cômodos de serviços da família. No piso inferior, vastos cômodos, para numerosa escravatura, até o final do sobrado que se conclui com um salão em toda a largura do sobrado, sem andar superior, e com pé direito do solo ao telhado. Este cômodo abrigaria uma moenda e como suas paredes sobem até o telhado, da parte interna do andar superior abre-se uma janela, permitindo uma fiscalização dos trabalhos pelo senhor ou seus encarregados que se achassem no alto do sobrado.
“Característico de Baependi, MG., região de origem do proprietário, o estilo de construção traz o hábito da região, de abrigar a senzala nos baixos do sobrado da família, o que não se encontra na moradia rural paulista. E o mais comum: telhado de quatro águas sobre quadrilátero de construção, das primeiras construções açucareiras de Campinas.
(Texto reproduzido de ‘Grandes Solares do Açúcar’,s/dados).
Publicado por: Assessoria de Comunicação