Diploma de honra ao mérito “Profª Maria Nilde Mascelanni” é entregue em sessão solene


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A Câmara Municipal de Americana realizou na terça-feira (15) sessão solene para a entrega do diploma de honra ao mérito “Maria Nilde Mascelanni” a pessoas que se destacaram em trabalhos voltados a crianças e adolescentes em pedagogia e em situações de risco no município de Americana. O diploma foi instituído pelo decreto legislativo nº 649/2013, de autoria do vereador Luiz Renato (PC do B).
Participaram da solenidade o presidente da Câmara Municipal de Americana, vereador Paulo Chocolate (PSC), os vereadores Adelino Leal (PT), Antonio Carlos Sacilotto (PSDB), Capitão Crivelari (PSD), Celso Zoppi (PT), Eduardo da Farmácia (PSDB), Joãozinho do Quiosque (PSB), Leonora do Postinho (PPS), Luiz Renato, Luiz da Rodaben (PP), Marco Antonio Alves Jorge, o Kim (PDT), Moacir Romero (PT), Dr. Otto Kinsui (PMDB), Pedro Peol (PV), Reinaldo Bigotex (PC do B), Thiago Brochi (PSDB), Tonhão do Veteranos (PMDB) e Dr. Ulisses Silveira (PV), o secretário municipal de Educação, Luciano Corrêa e o professor Ari Meirelles Jacobussi, além de familiares e amigos dos homenageados.
Foram homenageados dezenove profissionais indicados pelos vereadores da Casa: Alba Valéria Silveira de Moraes, Ângela Maria Tavares, Bruno Francisco Pereira, Célia Gobbo, Damaris Cristina Siqueira de Soares, Ercélia Branco de Moraes Alves, Giuliana Meira Brandão, Iracema da Costa Baumeyer, Irani Milani, João Baptista Ardito Neto, Josefina Leonilda Magon Varollo, Maria Eduarda Alvarenga Fernandes, Maria Iria Lustosa dos Reis, Maria Luiza Hellmeister, Nelson Pereira, Perci Moreira, Simone Djiovana Guidolin Leonardi, Simone de Almeida Amado Bertini e Stela Terezinha Sicci Del Lamma.
Durante o uso da palavra, o vereador Luiz Renato enalteceu a história de vida da professora Maria Nilde Mascellani, que dá nome à honraria, e parabenizou os homenageados. “São dezenove homenageados que representam uma categoria de profissionais, porque não teríamos espaço para abrigar todos os que trabalham com educação aqui neste espaço, e que merecem o nosso reconhecimento. Para quem não conhece a história da Maria Nilde, ela foi uma pessoa revolucionária, idealista, que pagou um preço caro por sua visão, mas que mudou a história da educação no Brasil”, disse.
A pedagoga Célia Gobbo utilizou a palavra para agradecer em nome de todos os homenageados. “Eu tive a oportunidade de estagiar no ginásio vocacional de Americana, fruto do trabalho da Maria Nilde. Eu fiz estágio quando estava no quarto ano da faculdade, em 1969, e fiquei quatro meses no ginásio vocacional, conhecendo todo o processo dele. E realmente podemos dividir a educação em antes e depois do ginásio vocacional. Nós professores enfrentamos muitas dificuldades e o desafio de aprender sempre para continuar ensinando. Parabéns a todos pelo seu dia e obrigado à Câmara pela homenagem”, discursou.
Maria Nilde Mascelanni
Maria Nilde Mascellani nasceu em São Paulo em 03 de abril de 1931. Realizou o Curso Normal de Formação de Professores na escola Padre Anchieta e depois ingressou no curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo. Foi aluna e depois se tornou muito amiga do professor Florestan Fernandes.
Como professora, lecionou em diversas escolas públicas do Estado. Foi convidada pelo secretário da Educação do Estado de São Paulo para fazer parte de uma comissão de educadores na elaboração de um projeto piloto de educação, que levasse em conta a vocação do aluno e abrisse as portas da escola para a comunidade. O Serviço de Ensino Vocacional foi fundado em 1961 e Maria Nilde tornou-se sua coordenadora, cargo que ocupou até 1969.
O Serviço de Ensino Vocacional foi desativado pelo regime militar. Impedida de trabalhar pela ditadura, Maria Nilde foi uma das fundadores da Equipe RENOV, entidade de defesa dos direitos humanos e dos perseguidos políticos. O RENOV formava educadores e acabou sendo fechado pelo governo militar, e Maria Nilde e seus companheiros foram presos por cerca de um mês.
Após este episódio, Maria Nilde se tornou professora de psicologia educacional na Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1970. Em sua carreira como pedagoga, trabalhou com Educação Popular em programas educacionais para a população de baixa renda excluída da escola.
Foi a idealizadora do “Integrar”, um projeto inicialmente estadual, e depois nacional, de qualificação profissional para metalúrgicos e ex-metalúrgicos. Ela conseguiu reunir sindicalistas, intelectuais, professores e trabalhadores, realizando vários cursos de capacitação, sempre articulando o diálogo entre o mundo do trabalho e a ação concreta para a transformação social.
Maria Nilde não se casou e nem teve filhos. Em 19 de dezembro de 1999, vítima de um infarto, morreu aos 68 anos em São Paulo, interrompendo uma trajetória marcada pela honestidade intelectual, sensibilidade aos problemas do ensino e coragem.
O trabalho de Maria Nilde faz parte da história da educação brasileira desde os anos 60, e sua proposta de ensino vocacional como base da capacitação de trabalhadores resgata uma dívida social sem ter assumido uma forma assistencialista.
Maurício Vargas – MTB 46.948/SP
Assessoria de Comunicação