A Câmara Municipal de Americana realizou nesta terça-feira (12), no início 40ª sessão ordinária, ato solene de inauguração da Galeria 12 de Novembro, em comemoração ao centenário de emancipação política de Americana. Localizada no corredor de acesso ao Plenário Dr. Antônio Álvares Lobo, a galeria apresenta uma série de fotos e documentos que contam os passos da emancipação do município.
Além dos vereadores, participaram do ato a secretária-geral da Câmara, Juliana Nandin de Camargo Seco, o promotor de Justiça de Americana, Dr. Sérgio Claro Buonamici, o historiador André Maia e o senhor Azael Álvares Lobo Neto, bisneto do Dr. Antônio Álvares Lobo, patrono da emancipação.
Durante o uso da palavra, Brochi enalteceu o trabalho de todos que colaboraram para a construção da cidade. “Honra estar como presidente nessa comemoração de cem anos. Isso mostra a força do legislativo, a riqueza da nossa história. A galeria foi sonhada por todos os vereadores, muitas pessoas desconhecem essa rica história dessa grande cidade que é Americana e uma parte dela ficará eternizada na entrada do nosso plenário. Sempre teremos orgulho da nossa cidade”, discursou.
O vereador Marcos Caetano compartilhou histórias sobre o surgimento da cidade. “Essa data é histórica para nós, não estaremos daqui cem anos comemorando outra vez. Isso é uma dádiva para nós. Hoje estivemos no Paço e pudemos ouvir como tudo começou com Basílio Rangel e toda luta que se sucedeu para que hoje estivéssemos aqui. Sou imigrante vindo do Paraná, e Americana é hoje a cidade que eu e minha família amamos”, falou.
Leoncine destacou os pilares do desenvolvimento da cidade de Americana. “Cem anos de emancipação histórica e política, a atuação política da população aquela época em conjunto com o deputado estadual chama nossa atenção. Pessoas importantes nasceram aqui e vieram para cá ajudando a formar a cidade - o progresso, o desenvolvimento, o trabalho, foram os grandes motivadores. Ainda hoje buscamos ainda mais prosperidade para nosso povo”, disse o vereador.
O promotor de Justiça enalteceu a importância do Poder Legislativo no município. “Agradeço a oportunidade desse convite. Essa Casa é o lugar mais importante da cidade quando se trata de política, é daqui que saem as grandes decisões. Desde que cheguei aqui percebi que a população tem uma personalidade política de destaque e se tornou uma das cidades mais fortes do estado de São Paulo. Não viveremos novamente a comemoração do centenário, então esse é um momento especial. Americana é um orgulho para o país”, discursou Buonamici.
A secretária Geral da Câmara enfatizou a qualidade de vida e o senso crítico da população americanense. “Há cem anos a cidade, ainda como vilarejo, já mostrava seu potencial para crescer e viu que tinha forças pra se tornar independente e gerava riquezas suficientes para se gerir. Uma cidade com cidadãos críticos, como Antônio Álvares Lobo, que hoje dá nome ao nosso plenário. Acredito que eles não tinham em mente o quanto Americana se destacaria, hoje estamos entre as melhores cidades para se morar no Brasil. Um orgulho ser servidora da Câmara e viver em Americana”, comentou Juliana.
O historiador André Maia contou sobre a alegria dos moradores com a fundação da cidade há cem anos. “Como cidadão americanense eu fico muito feliz por estar nesta comemoração. Temos certeza o quanto essa terra deve ao Antônio Álvares Lobo, há exatos cem anos o último subprefeito recebia o telegrama da fundação da cidade de Americana. Saem de casa em casa anunciando as boas novas. Desde então já existe um sentimento de alegria mesmo diante das adversidades que ocorreram durante nossa história, todos aqui sempre se uniram para construir com ardor a nossa história”, falou.
Ao final, o bisneto de Antônio Lobo agradeceu a homenagem à sua família. “Nossa família tem muito a agradecer por tudo o que foi falado hoje nesta solenidade. Enaltecer toda história do meu bisavô e pelo mural que agora eterniza essa história. No próximo centenário não estarei aqui, mas espero que as próximas gerações da minha família estejam aqui para celebrar”, finalizou.
Galeria 12 de novembro
Para comemorar o centenário da data histórica, que marca o início de Americana como município independente, a Câmara inaugurou durante a sessão a Galeria 12 de Novembro: localizada no corredor de acesso ao Plenário Dr. Antônio Álvares Lobo, a galeria apresenta uma série de fotos e documentos que contam os passos da emancipação do município.
Em um extenso trabalho de resgate histórico, foram recuperados e exibidos pela primeira vez ao público documentos pertencentes ao processo original do projeto de lei estadual que criou o município de Villa Americana, como abaixo-assinados realizados pelos moradores do distrito e ofícios, além de fotos inéditas da época. Em destaque, ficará em permanente exposição uma réplica do texto original, escrito à mão, do projeto de lei estadual.
Durante o ato solene, foi exibido ainda um vídeo documentário de curta metragem produzido pela Coordenadora de Comunicação da Câmara contando a história da emancipação. O material poderá ser acessado no canal da TV Câmara no Youtube.
Ainda como parte das ações em comemoração ao centenário da emancipação, a Câmara realizará uma série de postagens em suas redes sociais sobre o tema e criou uma página especial no site oficial, que pode ser acessada no endereço: https://camara-americana.sp.gov.br/paginas/centenario-de-emancipacao
12 de Novembro
Concretizada em 12 de novembro de 1924, com a promulgação da Lei Estadual 1.983, a história da emancipação política de Americana foi possível graças à união de esforços e ao empenho da população, que desejava melhores condições de vida e sonhava com o desenvolvimento de Villa Americana.
A reinauguração da Fábrica de Tecidos Carioba pela família Müller em 1902 teve papel fundamental no crescimento da vila. A expansão da atividade econômica propiciou o aumento populacional e o desenvolvimento de Carioba e do então distrito, através da construção de prédios públicos como escolas, posto policial, cadeia e posto médico.
A criação do Distrito de Paz de Villa Americana com a Lei Estadual 1916, em 30 de julho de 1904, oficializou os limites do território e fez com que os registros civis de nascimentos, casamentos e mortes passassem a ser feitos aqui e não mais em Campinas, possibilitando um acompanhamento mais detalhado do crescimento de Villa Americana. Com isso, passou a ser criada uma identidade local.
Em maio de 1913 é inaugurado o prédio da subprefeitura, em área doada por Sebastião Antas de Abreu. Após a emancipação, o prédio abrigaria a prefeitura e a Câmara até os anos 40. O crescimento econômico e populacional fez com que Villa Americana se destacasse como o distrito mais próspero de Campinas. Conforme dados do orçamento campineiro para 1917, Villa Americana era o distrito que possuía maior orçamento total, de 40 contos de reis, contra 17 contos de réis de Souzas, o segundo maior.
Apesar da alta arrecadação de impostos registrada na vila, a população via a necessidade de investimentos em infraestrutura. O distrito ficava distante do centro de Campinas e havia o sentimento de que, por isso, não recebia a atenção necessária. A partir daí, teve início a mobilização para que fosse criado um novo município, cadministração própria. Os moradores se unem e um abaixo assinado com mais de 400 assinaturas é encaminhado a São Paulo pedindo providências.
Atendendo aos anseios crescentes da população, em 1917 é protocolado na Câmara dos Deputados de São Paulo, pelo deputado estadual Dr. Antônio Lobo, então presidente do legislativo estadual, um projeto de lei criando o município de Villa Americana.
O projeto é encaminhado ao Senado Paulista e tem início, então, uma batalha travada nos bastidores políticos. A comissão de Estatística solicitou informações ao juiz de direito de Villa Americana e à Câmara Municipal de Campinas para confirmar que os critérios mínimos para a criação de um novo município fossem atendidos:
1) população superior a 10 mil habitantes
2) sede principal com pelo menos 100 construções e mil habitantes
3) e a existência de prédios com capacidade e condições para o funcionamento da administração municipal.
A disputa se deu com relação ao número de habitantes. Enquanto o Juiz de Direito estimou em 11 mil a população do distrito, a Câmara de Campinas realizou um censo em 1918 que apontou cerca de 7 mil habitantes. Os villa-americanenses se revoltaram e apresentaram documentos alegando que o censo havia deixado de fora, de propósito, diversos povoados e regiões do território.
A tramitação do projeto foi paralisada até 1919, apesar do parecer favorável da comissão. Após anos de espera e impasse, foi necessário um recenseamento federal, realizado em 1922 por ocasião do centenário da independência do Brasil, para comprovar de fato que Villa Americana possuía a população mínima necessária.
Vencida esta etapa, o ano de 1924 foi marcado por idas e vindas na redação final do texto da lei, visando confirmar os limites definitivos do território.
Finalmente, após aprovada pelos deputados paulistas, é promulgada em 12 de novembro a Lei Estadual 1983, criando oficialmente o município de Villa Americana. Começava uma nova era de progresso e desenvolvimento para a nossa querida cidade.