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Artigo: E do Quilombo, quem vai cuidar? - por Divina Bertalia



Quando as coisas não vão bem no país, endereçamos nossas críticas ao Presidente da República; se são os interesses de nosso estado que estão sendo prejudicados, a responsabilidade é do Governador; e se qualquer coisa não está bem na nossa cidade, a culpa é do Prefeito. Certo ? Errado, pelo menos nesse caso.
Moro em Americana desde maio de 1989 e nunca ví o Ribeirão Quilombo em pior estado de poluição do que hoje. À exemplo de inúmeras outras cidades que são cortadas por pequenos rios, muitos deles com o mesmo nome do nosso, estamos equiparados a mesma condição dos paulistanos que sofrem com a fedentina exalada de suas duas Marginais, a Tietê e Pinheiros. Não faz muito tempo, quando íamos à
capital paulista, ficávamos felizes pela distância que nos separava daquelas duas
fontes de insuportável mau cheiro. Agora, não temos escapatória: temos também a
nossa cota de gigantesca fossa a céu aberto e, igualmente, problema de difícil solução.
O odor que anda infernizando a vida dos americanenses, tem origem bastante disputada. Senão, vejamos:
A bacia do Ribeirão Quilombo é formada por um afluente que nasce nas imediações do Chapadão, em Campinas, soma-se a dois outros nas proximidades do Uemura, também no perímetro urbano campineiro; depois, passa por Hortolândia, Sumaré e
Nova Odessa, para finalmente chegar a nossa cidade, recebendo, antes, as já porcas
Águas dum riacho que vem de Paulínia. Desses municípios, vem de Americana o bom exemplo: do total de nosso esgoto doméstico, 78% já é tratado; Nas outras cidades, os números são esses: Campinas – 5 a 10%; Nova Odessa – 7%; Hortolândia , Sumaré e Paulínia - 0 % (ZERO!) Essas são as “generosas contribuições “ que nossas cidades vizinhas despejam nas turvas águas do Quilombo; sem falar no lixo industrial que em Americana, segundo o DAE, tem controle satisfatório. O bom encaminhamento de questões como essa implica em investimentos vultosos e que nem sempre conferem prestígio político aos administradores públicos que o assumem, decisões que vão, portanto, sendo adiadas. As iniciativas que presenciamos são paliativas, porque, como vimos, a solução extrapola as linhas limítrofes americanenses. Então, como ficamos, quem vai cuidar do Ribeirão Quilombo ? É evidente que precisamos nos preocupar com a globalizada crise econômica, com a questão do pós-represa, com a preservação do Museu do Salto Grande , a retirada dos aguapés da Represa de Salto Grande, a falta de segurança e a violência , o desemprego, as drogas que não estão mais distantes, e sim junto de nossos filhos e tantas outras situações e assuntos que andam ameaçando as nossas famílias, as cidades e estados brasileiros, bem como a nossa própria nação. O Ribeirão Quilombo e seu futuro precisam constar desta pauta. Estamos vivendo o momento de decisiva importância para uma possível viabilização do fim deste fedorento problema. Nossa única arma é a união de todos os municípios que vêm o Quilombo cortar o seu território. Uma união que não se restringe só ao poder público – ele é decisivo, é óbvio! -, é também fundamental o efetivo envolvimento da população
que, a partir de uma consciência ambiental, assuma atitudes no seu dia-a-dia em defesa do riacho. Gestos simples podem fazer a diferença quando se tornam a exteriorização maciça de um desejo de mudança de conduta. Só a determinação, vontade e união de forças políticas e de todas as pessoas envolvidas na questão poderão resolver definitivamente questão de tamanha complexidade, inserida – é bom lembrar - na tão propalada Região Metropolitana de Campinas.


Publicado em: 17 de março de 2009

Publicado por: Vereadora Divina Bertalia

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Categoria: Notícias da Câmara

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