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“Pulseiras do sexo”: uma questão educacional - por Capitão Crivelari



A polêmica envolvendo as chamadas “pulseiras do sexo”, primeiramente conhecidas como “pulseiras da amizade”, tem desencadeado visões e ações deturpadas com relação ao uso deste adereço de silicone. De acordo com os boatos que surgiram, cada cor dessa pulseira teria um significado. A verde, por exemplo, chupões no pescoço, a roxa, beijo de língua, a preta, sexo. Mas isso pode variar, dependendo da fonte consultada. Quem puxar e romper este adereço de outra pessoa poderia cobrar o que a cor da pulseira significa.

Após a veiculação de notícias associando estupros cometidos contra adolescentes à utilização dessas pulseiras, a inversão de valores tomou conta do País. Legisladores se apressaram em formatar leis para proibir o uso dessas pulseiras. Problema resolvido. Será? Quer dizer que o bandido estupra e a culpa é da vítima por usar o adereço? Esse falso moralismo nada mais é do que conivência com o crime. Proíbe-se a pulseira e logo outro adereço será associado ao “jogo do sexo”. A criatividade é infinita, especialmente quando o foco é comercial e o público-alvo é o jovem. Então, mais leis serão criadas, cada vez proibindo algo diferente? Pulseiras, brincos, colares, saias, cores de cabelo? Com toda a certeza esta não é a solução para um crime como o estupro. E, sem dúvida, a utilização de uma pulseira não pode ser justificativa para esse ato. Vamos parar com hipocrisia: um estuprador não escolhe sua vítima por ela estar usando ou não uma pulseira.

Ao proibir a comercialização desses adereços, caímos em outro questionamento: como será fiscalizado? Legislação com esse propósito, além de inverter valores, acaba sendo inócua. O combate à comercialização de drogas ilícitas já é complicado, como conter a venda de adereços também? Não existe mecanismo de controle para este tipo de proibição.

É importante destacar que o desenvolvimento da sexualidade em crianças e adolescentes deve receber uma atenção especial do Poder Público. Jovens precisam ter orientação, informação, educação sexual. Criminosos, estupradores, bandidos, precisam de punição da Justiça. Ao discutirmos sobre as “pulseiras do sexo”, precisamos sair da esfera policial e entrarmos na esfera educacional. Legislações proibindo este adereço, além de toda a problemática que desencadeiam, também deseducam nossos jovens.

A responsabilidade de um legislador envolve analisar os fatos sem oportunismo, pensando no bem da população como um todo. Sem falso moralismo, vamos investir na formação desses jovens, na qualidade da educação. As discussões envolvendo as “pulseiras do sexo” não podem ser limitadas ao proibir ou não proibir, esta é uma questão educacional que precisa ser tratada por esta ótica.

Capitão Crivelari é vereador pelo PP de Americana e Oficial da Reserva da Polícia Militar.


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