“E os teares tecido teciam, A Princesa Tecelã...” Este pequeno trecho do Hino de Americana me remete a lembrar os “anos de ouro” da indústria têxtil em nosso município. Reconhecida e respeitada nacionalmente, nossa querida cidade viu, em pouco mais de duas décadas, sua produtividade quadriplicar em relação à década de 1990, quando mais de dois terços das nossas tecelagens fecharam as portas devido aos problemas financeiros.
O Panorama da Indústria Têxtil e do Vestuário do Estado de São Paulo, estudo inédito realizado pelo Instituto de Estudos de Marketing Industrial – IEMI, revelou que, juntamente com a Capital, o polo têxtil de Americana e região (Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia) apresenta a mais completa integração de elos produtivos no segmento de têxteis, sendo que as mais de 600 empresas aqui instaladas representam 2,1% do total nacional, absorvendo 3% do total de mão-de-obra direta da cadeira têxtil brasileira (mais de 50.000 empregos).
O estudo informa ainda que 333 indústrias confeccionistas equivalem a 51% do total de empresas da cadeia têxtil da região, onde os investimentos de R$ 158 milhões em equipamentos representam cerca de 8,8% dos valores investidos pela cadeia têxtil nacional.
Autoridades do setor consideram que o pólo de Americana consegue se sobressair em relação aos demais justamente por conta desta cadeira produtiva completa, agregando fábricas de manufatura têxteis (fios/linhas, tecidos e malhas), beneficiamento e confeccionados (vestuário e linha do lar), sendo esta cadeia um grande facilitador em termos de logística e custos.
Porém, a realidade cotidiana nos apresenta um panorama nada animador.
A concorrência desleal dos produtos importados, os quais chegam ao nosso país custando menos que o custo de produção nacional, caso dos originários do sudeste asiáticos, somada às perdas da moeda americana perante o Real e à falta de um tratamento isonômico na concessão de subsídios vem fazendo o setor amargurar demissões a cada dia.
Lançado em 2010 pelo Governo Federal, O Plano Brasil Maior - PBM mostra-se como uma das alternativas para tentar reverter este alarmante quadro, adotando medidas de redução dos custos tributários, desoneração da folha e ressarcimento de até 3% das exportações por tributos não recuperados neste momento de dificuldades do setor.
Mas o PBM, por si só, não é suficiente. Outras medidas como o rigoroso controle por parte do INMETRO, criando critérios técnicos para o ingresso de tecidos produzidos no exterior (regulamentação da Lei nº 12.545/2011), muitos destes sem qualquer controle ambiental em suas etapas de produção e tingimento (gerando contaminação por corantes azóicos), aliada à alteração no regime tributário nas importações de ad valorem (tendo como referência o valor financeiro da mercadoria) para ad rem (tendo como referência o peso da mercadoria), à simplificação nos processos de certificação e à redução das taxas de juros nas linhas de crédito destinadas às pequenas empresas certamente podem vir muito a contribuir para trazer segurança ao mercado, de modo a garantir a retomada dos investimentos no setor.
“Vida Lida... O parque têxtil surgiu! Brilha, Americana a cidade que veste o Brasil”. Que essas atitudes sejam tomadas a tempo de alimentar nosso legado vocacional, permitindo-nos provar ao Brasil e ao mundo que nossos produtos agregam criatividade, inovação e qualidade comparadas aos melhores níveis internacionais. E mais, geram emprego, renda e desenvolvimento para a nossa nação. Portanto, valorizemos o que é nosso. Vamos priorizar o consumo de produtos nacionais.
Odair Dias - Vereador